Por quanto tempo os serviços de entrega suportados por aplicativos – APPs tais como: Ifood, Uber, 99, Rappi etc. vão se manter sustentáveis?
É muito comum querermos saber se um negócio é sustentável ao longo do tempo e isso vale para quem investe: os acionistas e para quem se serve desse negócio: os clientes e usuários.
Alguns negócios nascem em base sólida e se apresentam como extremamente duráveis, mesmo assim precisam ser reinventados periodicamente, caso contrário tendem a ruir, seja porque as conjunturas mudam, novos fatos interferem, a dinâmica da economia toma outros rumos e muitos outros fatores da vida cotidiana podem romper o sucesso de qualquer negócio que fique parado no tempo.
Há outros que nascem em bases muito dinâmicas e precisam ser reinventados com mais frequência e nesta seara está o processo de entregas, calcado em aplicativos autônomos, que precisam ser remunerados. Aqui faço esta distinção porque os aplicativos exclusivos, tais como: rede de supermercados, farmácias etc. servem apenas como ferramentas de negócios específicos, não atendendo de forma generalizada a diversos ramos, sejam de restaurantes, mercados, serviços etc. ficando dedicados ao negócio originador, sem a prerrogativa de gerar receitas próprias.
Nos casos em que o aplicativo é o negócio, quando necessita gerar receitas e remunerar investidores, vale destacar a fórmula do gigantesco crescimento recente, baseado em mão-de-obra de baixo custo, muito ofertada nos últimos tempos com a chegada da pandemia e que serviu para consolidar algo que já operava há dezenas de anos, porém de forma rudimentar, como exemplo o “Disk Pizza”.
A pandemia consolidou os serviços de entregas e os aplicativos contribuíram para redução de custos, eliminando parte do processo, que consistia em atendimento telefônico, anotações e transmissão para os prestadores, muitas vezes por meios físicos, entregas de bilhetes, mensagens, contatos pessoais ou telefônicos.
Por outro lado, uma parte importante ainda segue dependendo de veículos e de pessoas e nesta etapa encontra-se o maior risco de ruptura.
Os veículos e combustíveis estão muito caros e a mão-de-obra de baixo custo é um recurso que pode se tornar escasso com a volta do crescimento econômico e geração de empregos de melhor remuneração. Isso coloca este negócio em cheque, porque não pode remunerar melhor para reter o entregador sem repassar custos aos clientes, o que pode inviabilizá-lo, mas também não seria fácil absorver este repasse/custo.
Outro fator crítico para os negócios de entregas são as regulamentações governamentais, que estão tomando força em vários países, criando custos referentes às exigências de seguro saúde, seguro de acidentes e encargos trabalhistas.
Diante deste imbróglio, fica a questão: reinventar-se ou sair do mercado, como ocorreu com Uber Eats?
A ANAC acabou de aprovar o projeto do I-Food, usando drones para uma etapa, ou seja, o meio do traslado, porém com regras bastante rígidas e trajetos sobre áreas não habitadas com coletas e entregas no modelo atual, com humanos e veículos comuns. Isso limita muito a atividade do drone, mas devemos considerar que já é um grande avanço, ensaios para aprimoramentos num futuro próximo.
Tudo indica que 2022 será decisivo para a sustentabilidade do negócio de entregas onde precisa remunerar seus investidores, por outro lado há a necessidade da grande clientela que se habituou com estes serviços bem baratos e poderá ter que ceder e pagar mais para não perder certas comodidades.
Onde você leitor colocaria suas fichas?
Faça suas apostas……
Texto elaborado pelo consultor José Donizeti Costa.