É inegável que há uma pressão crescente de consumidores, trabalhadores, cientistas e investidores para que as organizações transformem suas práticas de aquisição com base nos requisitos ESG.

A sigla em inglês ESG (Environmental, Social and Governance) representa as questões ligadas a agendas Ambientais, Sociais e de Governança Corporativa e essa pressão da sociedade tem sido traduzida em legislações e regulações governamentais, comitês de trabalho multidimensionais e o assunto tem entrado cada vez mais na agenda do board das empresas.

Além da redução de emissões de gases do efeito-estufa, os temas geralmente incluem gerenciamento de resíduos, fornecimento ético de materiais e mão de obra e uma avaliação abrangente dos impactos ambientais e sociais em toda a cadeia de valor.

O próprio mercado investidor, através da B3, está criando ferramentas para acompanhar e chancelar as empresas que têm iniciativas ligadas a ESG. Empresas certificadoras tradicionais e também novas, conhecidas como ESG-Techs, oferecem selos de certificação ESG e criaram modelos de classificação (rating).

E como Compras (Procurement) pode contribuir nesse cenário?

O papel de Compras vem se tornando mais estratégico e desafiador, passando do objetivo de redução de custos (savings) para o de parceiro de negócios que precisa gerar valor para empresa. Dentro desse conceito, Compras deve analisar sua cadeia de fornecedores, exigindo deles, compromissos compatíveis com sua própria estratégia de ESG.

Há várias formas de fazer isso, ao longo de todo o processo de Procurement.

  1. Fase de cotação: embutir critérios ESG nas RFx para terem peso na seleção do fornecedor.
  2. Fase de Equalização Técnica e Down-Selection: garantir que os critérios de ESG têm peso relevante na avaliação técnica e vão influenciar a seleção de fornecedores para a negociação final.
  3. Fase de Negociação: defender atributos adequados às iniciativas ESG e ter claro o que é “non-negotiable”.
  4. Contratação: estabelecer cláusulas contratuais com indicadores ESG. Pode-se por exemplo construir em contratos multianuais a garantia de renovação somente em caso de cumprimento das metas.
  5. SRM: Definir, de acordo com o “Tier” (nível) do fornecedor dentro do programa de relacionamento (SRM), um calendário claro de relatórios, acompanhamento de ações e indicadores ligados às práticas ESG.  Um programa de excelência pode incluir premiações e até bonificações a fornecedores que atingirem ou superarem as metas.
  6. Procurement pode organizar fóruns de fornecedores para compartilhamento de boas práticas, elevando toda cadeia a um novo nível.

Enfim, já deu para perceber que há muito trabalho a fazer. É um tema em ebulição e não há retorno, nem saída fácil. Empresas que não tomarem as ações necessárias em sua cadeia de suprimentos perderão competitividade. E muita atenção: as ações têm que ser verdadeiras! Muitas empresas foram recentemente acusadas na mídia por “greenwashing” (prática de divulgar informações falsas ou enganosas para que a empresa ou produto pareça mais ecológico do que é na realidade, assim atraindo consumidores preocupados com o tema ambiental).

Outro desafio é que não há uma solução do tipo “one-size-fits-all”. O desenho das soluções deverá ser feito sob medida. Para cada tipo de indústria, será necessário avaliar a cadeia de fornecimento, e definir metas e ações específicas.

Nesse contexto, é fácil sentir-se perdido no meio de tanto por fazer, e não saber por onde começar. Podemos te escutar?

Comece nos contando seus desejos, desafios, suas dores e vamos juntos explorar alternativas para que suas metas de ESG sejam alcançadas!

Texto elaborado pelo consultor Alessandro Plothow.